sexta-feira, 25 de junho de 2010

No fim das contas . . .

Já passei da fase de rebelde sem causa ou daquela em que rogamos praga no mundo e ficamos tristes por qualquer coisa. A pizza esfriou? Choro. O esmalte borrou? Choro. Ele ainda não ligou? Choro. Pois é, falando assim parece mentira, mas quando estamos tristes, tudo ao redor parece não dar certo. Eu estou assim, quer dizer, estava assim. Triste por tudo e nada ao mesmo tempo. Lamentando o fato das coisas darem tão errado, de ainda não poder estar onde eu queria estar e de não desejar ninguém que esteja comigo onde eu deveria estar. Mas hoje foi diferente, hoje o mundo resolveu me dar um tapa na cara e dizer: Acorda!
Geralmente sou alheia a tudo o que acontece a minha volta. Mas hoje, mesmo com o som do MP3 no último volume, mesmo com todas aquelas pessoas falando, eu vi um senhor correndo. Magro, muitas rugas, cabelos grisalhos. Por um momento pensei que o motorista não o esperaria e foi justamente ai, que comecei a ver com clareza. Após ter corrido alguns metros, ele entrou no ônibus cansado, mas sorrindo, pegou o RG, mostrou ao cobrador e sentou.Eu continuei observando, me perguntando quem era e o que fizera em toda sua vida. Estaria ele satisfeito com as suas conquistas? Ou será que ele guarda muitas mágoas? De repente comecei a pensar em como eu estava conduzindo a minha vida. Será que perdemos muito tempo lamentando nossas perdas ao invés de lutarmos por dias melhores? Será que lutamos tanto por dias melhores que nos esquecemos de dar valor as pequenas coisas, aos pequenos prazeres da vida?  Certamente me lamentarei por ter dado muita importância aquele cara que me deu um apelido ridículo quando eu estava na quinta série e que me fez chorar dias e não sair de casa durante meses, na verdade anos. Me lamentarei por ter acreditado que só amor não basta ou por ter me olhado demais no espelho quando eu poderia estar lá fora, me amando incondicionalmente. Lembrei daquela música que diz: “Devia ter complicado menos, trabalhado menos. Ter visto o sol se pôr. Devia ter me importado menos, com problemas pequenos. Ter morrido de amor…” Deveria e vou. No fim das contas a vida é um jogo, onde todos fazem apostas que podem dar certo ou não, a única certeza que tenho é de que quanto mais tempo passamos lamentando o que deu errado, mais demoraremos a voltar ao jogo. Não quero ser aquele tipo de pessoa que joga cautelosamente, com medo de errar. Aconselho que façam o mesmo, afinal, o prêmio de quem aposta baixo, é igualmente baixo.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

THE MOVIE

Seus dedos do pé estavam devidamente encolhidos e guardados, não estava tão frio assim, mas em noites de solidão o edredom costumava a ser sua única companhia protetora. Em meio a tanta bagunça, ela precisava ver algo que fizesse algum sentido. Não que isso fosse necessariamente possível em um filme, mas essa foi a solução mais simples e rápida que encontrou. Vocês sabem, sua especialidade é provocar problemas e não resolve-los.
O trailer demorou o suficiente, para que desse vontade de ir a cozinha procurar alguma coisa que ela certamente sabia que não tinha. Não foi, desde pequena tem medo de enfrentar a escuridão que existe entre o seu quarto e a cozinha. Eram apenas alguns passos de distância, mas sua imaginação sempre foi fértil o suficiente para que a pequena reta se transforma-se em um imenso labirinto. Whatever, isso não importa mais, agora a vontade já passou e o filme começou. A atriz principal era como ela, pelo menos era o que pensava. O mocinho tão apaixonante, que mesmo de longe se apaixonou. Ele era bobo, mas sabia perfeitamente o que queria. O oposto de alguém que ela conhecia, de alguém que comparava a todo momento. Entre tramas de vilões e quase beijos de mocinhos, ela mergulhou. Sua vida desinteressante, tinha se transformado em pixels de uma televisão cheia de adesivos. E por mais que ela não quisesse acreditar, aquela sensação de felicidade só duraria por mais alguns minutos. O mocinho beijou a noiva, e deixou a nossa pequena sozinha na cama. Mergulhada no vazio, olhando para letras que são impossíveis de acompanhar.
O problema é que filmes com histórias perfeitas sempre acabam mais rápido. E os atores sempre mudam de personagem. Por mais que isso pareça injusto, o final é necessário. Perfeição tem tempo certo para durar, para sempre enjoa.